O blog da AWS
Como iniciar a sua jornada na nuvem AWS
Por Luiz M. Couto, Technical Trainer na Amazon Web Services
Vivemos uma nova realidade, em poucos meses, o mundo mudou e milhares de pessoas precisaram adaptar as suas rotinas. Empresas precisaram se reinventar, tornar-se digitais, tornar-se “online” e não é uma tarefa fácil. É um caminho que muitos estão trilhando em busca de uma nova forma de pensar, trabalhar e crescer. E no meio de todo este movimento, uma luz se acende no fim de um longo e escuro túnel: a “nuvem”.
Ainda me lembro da primeira vez que ouvi o termo “nuvem”. Alguns conceitos eram presentes, como computação distribuída, rede distribuída, “clusters”, compilação C++ em múltiplos computadores clientes, entre outros, mas “nuvem” ainda era um grande mistério para mim. Não tinha certeza se eram diversos computadores trabalhando em conjunto ou cada servidor trabalhando de forma isolada em um sem-fim de datacenters. Recordo-me de uma reunião onde um dos engenheiros seniores da empresa cliente explicava as diversas formas que um servidor poderia se comunicar com outro, e como poderíamos nos beneficiar deste “trabalho” coordenado. Durante sua apresentação, o engenheiro tentava explicar da maneira mais simples possível como tudo se conectava. Em um determinado ponto da reunião, um “C-level” o interrompeu e pediu a palavra: “Eu realmente não estou entendendo como tudo se conecta, é por meio de fios, antena, rádio, ou qualquer outro meio, ou simplesmente uma ‘nuvem’ de dados?”. Olhei estarrecido com a mesma dúvida e o engenheiro respondeu calmamente: “Sim, é simplesmente uma nuvem de dados.”.
Viajando no tempo e 15 anos depois, estamos em um universo cada vez mais conectado, com todas as “nuvens” distribuindo conteúdo a todo momento, onde mais e mais dados são trafegados diariamente. De acordo com Bernard Marr, em 2018 tínhamos um total de 2.5 quintilhão de bytes de dados gerados e hoje, 2020, temos uma estimativa de 44 zettabytes de dados e em 2025 teremos aproximadamente 460 exabytes de dados gerados em 24 horas. Em 2019 tínhamos mais de 4.5 bilhões de pessoas online e, pasmem, um dos cachorros – isso mesmo, um cachorro – mais influentes do mundo possui mais de 9 milhões de seguidores. Geramos mais de 200 mil posts no Instagram, mais de 200 milhões de e-mails são enviados e mais de 4 milhões de vídeos são assistidos, pasmem, por minuto. Com o aumento dos dispositivos conectados à internet, os famosos dispositivos IoT (Internet of Things – Internet das Coisas), teremos um aumento significativo desta quantidade nos próximos anos. E neste cenário iniciamos nossa jornada para a nuvem.
O que é a nuvem AWS?
Apesar de alguns de nós não termos a mais remota ideia de como a nuvem “funciona”, podemos pensar na nuvem como constituída por um grande número de servidores, datacenters, e, pessoas, que controlam e monitoram a todo momento esta infraestrutura. Se fizermos uma comparação entre o que normalmente conhecemos como modelo “on-premises” e a nuvem, podemos chegar a conclusão de que muito esforço, tempo e dedicação foram necessários para criar o que hoje, controla a grande massa de dados que são gerados a cada minuto por pessoas (ou mesmo animais).
Por mais extraterreno que esta nuvem possa parecer, uma vez que temos um acesso remoto, por meio da internet por exemplo, teremos a possibilidade de acessar um serviço ou mesmo lançar um servidor “virtual”, pagando somente pelo tempo que eu utilizar este serviço ou servidor. Ou seja, se precisarmos lançar este servidor ou acessar este serviço que está disponível na nuvem, seja por uma reestruturação ou mesmo reinvenção do meu negócio, me conecto à nuvem utilizando a internet, e lanço este servidor. E com a mesma facilidade que podemos lançar este servidor, podemos também finalizá-lo, reduzindo e muito o gasto que eu teria no modelo “on-premises” – algo que até então seria difícil ou mesmo impossível de se imaginar.
Figura 1 – Comparação simplificada entre os diferentes modelos: centralizado, distribuído e nuvem.
Na Figura 1 podemos comparar os três modelos mais conhecidos de computação:
- O modelo centralizado, onde o cliente lança um servidor e o utiliza da maneira que seu negócio considerar melhor;
- O modelo de computação distribuída, onde eu utilizo um servidor líder para controlar os servidores filhos para execução em paralelo de um determinado processo ou aplicação;
- O modelo em nuvem, onde eu utilizo a internet para criar a minha aplicação e pago somente pelo tempo que estiver em execução.
Diversos setores da indústria, varejo, agrícola, manufatureira, logística, estão se reinventando, procurando a forma mais rápida de trazer a inovação do seu negócio para mais próximo do cliente final. E esta nuvem é o que vai permitir trazer este cliente para mais próximo de sua empresa, sem o contato físico que o vírus nos impossibilitou de realizar.
Um outro benefício muito importante é quando pensamos em como a nuvem pode nos ajudar com os gastos que seriam necessários nesta reinvenção. Se compararmos os 3 modelos, ao invés de despesas com servidores, conexões, datacenters (modelo centralizado e distribuído) eu terei a vantagem de pagar somente pelo que consumir (modelo em nuvem). E isto nos traz um grande benefício, o da experimentação mais rápida, onde em lugar de me preocupar com a infraestrutura por trás do meu sistema, eu coloco a minha energia no que importa para o meu cliente e sua experiência com o meu produto.
Agora imagine que sua empresa é uma empresa que possui diversas filiais em diversos países do mundo, ou ainda, minha empresa está no início de sua jornada, mas gostaria de expandir e crescer com a mesma velocidade que a internet tem crescido nos últimos anos. Como eu poderia me beneficiar da nuvem AWS?
O fato de a nuvem AWS possuir a infraestrutura necessária para nos permitir conectar diversos servidores e datacenters em diversas regiões do mundo, posso lançar o meu produto em qualquer uma das 24 regiões da AWS espalhadas pelo planeta Terra. Eu posso fazer isto em questão de minutos. A agilidade e a velocidade que isto me traz é sem dúvidas uma vantagem extremamente competitiva. Eu não me preocupo mais onde meu cliente está. E em um modelo home-office – o nosso “novo” normal – o cliente pode estar muito próximo de mim, como também em uma ilha paradisíaca ou mesmo próximo dos polos – Alasca quiçá – que eu conseguirei alcançá-lo e poderei levar a ele a experiência que eu espero do meu produto e serviço.
E como esta infraestrutura da nuvem AWS funciona?
A infraestrutura da nuvem AWS é dividida da seguinte maneira:
- Os datacenters (conjunto de centenas de milhares de servidores);
- As conexões de alta velocidade entre estes diversos datacenters;
- E o que chamamos de zona de disponibilidade, que nada mais é do que um conjunto de datacenters trabalhando todos de forma totalmente conectada.
Estas zonas de disponibilidade estão longe o suficiente uma das outras para proteção contra desastres naturais, quedas de energia, mas próximas o suficiente para que a latência e velocidade não sejam impactadas. E o mais importante, para que o seu cliente não seja impactado.
Agora, se juntarmos duas ou mais zonas de disponibilidade teremos uma região. Esta região não representa somente um país, mas também uma região geográfica que foi escolhida tendo sempre em mente os nossos e os seus clientes, e claro, sendo a AWS uma empresa “data-centric”, também baseado em dados. Hoje temos 24 regiões e mais três anunciadas, com mais de 77 zonas de disponibilidade.
Na primeira vez que eu entendi realmente o que a nuvem significava e os benefícios que ela podia trazer para mim e para o meu cliente, percebi que não tinha mais volta. Lembro-me das incontáveis madrugadas que passei configurando um servidor em um dos datacenters da empresa e uma vez que tudo estava configurado, recebia um e-mail dizendo que era necessário reconfigurá-lo pois não atendia a equipe que o solicitou. Ou as incontáveis vezes que precisei correr desesperadamente do escritório para o datacenter, pois a conexão havia sido perdida, e seria necessário reconfigurar todas as tabelas de roteamento.
Isto ficou no passado.
E a segurança?
Entendo que a infraestrutura global da AWS é uma grande aliada da sua empresa, mas sempre me questionei, e a segurança?
Vou contar uma experiência que tive muito interessante – para não dizer catastrófica – no passado, que me fez pensar por muito tempo nas diversas formas que eu teria para proteger a empresa de um problema sério de segurança. Um desenvolvedor havia sido desligado da empresa e ao receber esta notícia, este desenvolvedor procurou diversas e diversas formas de se encontrar com o presidente da empresa para entender o real motivo de seu desligamento. No momento que este desenvolvedor chegou à empresa, o pessoal da recepção o impediu de subir para falar com o presidente, uma vez que este se encontrava alterado e discutia ferozmente com a recepcionista. Percebendo que não conseguiria entrar na empresa, o desenvolvedor saiu e não se ouviu mais dele por dias. Uma semana depois, os funcionários da empresa começaram a perceber que alguns e-mails não estavam mais presentes em sua caixa de mensagens e alguns começaram a notar algumas discrepâncias nos dados da base de dados de alguns clientes. O pessoal responsável pelo datacenter foi acionado para realizar uma auditoria nos servidores para averiguar o que poderia estar acontecendo.
Descobriram que os servidores foram acessados remotamente, alguns destes servidores foram formatados e outros tiveram seus dados corrompidos. Chegaram a conclusão, depois de muita investigação, que o tal desenvolvedor havia entrado no datacenter físico alguns dias antes de ser desligado e escreveu um “script” (um arquivo que contém um conjunto de instruções que deve ser executado, normalmente em sequência, para um determinado fim) para que caso acontecesse alguma coisa com ele – como por exemplo ser desligado – 72 horas depois, este script seria executado. O desenrolar desta história você já sabe. E se pensarmos hoje na possibilidade de acesso físico aos datacenters da nuvem AWS, vemos um controle extremamente restrito e rigoroso de segurança (Camada de perímetro, Visão Geral dos Processos de Segurança da AWS, Controles de Segurança dos datacenters da AWS, Time de funcionários dos datacenters AWS, Tour Virtual em um DataCenter AWS). E como disse o CTO da Equifax, Bryson Koehler: “Não há dúvidas que a nuvem pública é mais segura que os dados e servidores que residem no modelo on-premises”.
A segurança de qualquer empresa é vital para o seu funcionamento e principalmente se pensarmos nos dados que são controlados por esta empresa. Uma vez na nuvem você terá a possibilidade de automatizar tarefas de segurança que muitas vezes são manuais, como a criação de usuários, permissionamento, acesso a servidores, entre outras. E a AWS com uma rede que foi projetada para proteger suas informações, identidades, aplicações e dispositivos, e, especialistas de segurança de dados que monitoram 24/7 essa infraestrutura mantendo uma ampla gama de serviços de segurança inovadores, você pode se concentrar no crescimento da sua empresa. Você também pode proteger seus dados em trânsito (utilizando segurança e criptografia na comunicação dos seus clientes com sua aplicação) e em descanso (protegendo os dados destes clientes). E os datacenters da AWS – lembra-se da história que comentei – são continuamente monitorados para protegê-los contra riscos provocados pelo homem e pela natureza. A AWS é submetida a auditorias de terceiros para validar toda a segurança e a conformidade. E como resultado, empresas altamente reguladas em todo o mundo confiam na nuvem AWS.
A jornada para a nuvem é uma jornada sem volta. As empresas se veem cada vez mais longe dos seus datacenters físicos e mais próximos da internet, com a conveniência de não precisar mais perder horas e dinheiro para montar e configurar um datacenter, e sim pensar no que realmente o seu cliente precisa. E a AWS pode ajudar você! Temos uma trilha de conhecimento que vai ajudá-lo a adquirir e desenvolver as habilidades e conhecimentos para construir seu futuro na nuvem AWS.
O mundo está em uma fase desafiadora e precisamos encontrar a força para continuarmos crescendo e nos reinventando. Com a mesma velocidade que os dados são trafegados pela internet, o seu cliente também procura a mesma velocidade, seja na velocidade de acesso ao seu serviço e produto, como também na velocidade que sua empresa precisa para se reinventar e trazer a melhor experiência para seu cliente.
Neste artigo vimos como podemos nos beneficiar da nuvem AWS e como inovar rapidamente. No próximo vamos discutir os diferentes serviços disponíveis e como iniciar sua jornada! Vamos juntos!
Sobre o autor
Luiz M. Couto é Technical Trainer na Amazon Web Services para o Brasil com mais de 20 anos de experiência na indústria de TI. Professor do Programa de Pós-Graduação da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (PECE) em temas como mecânica computacional, elementos finitos, CFD e tecnologias com alto poder de processamento computacional como HPC e clusters de GPU. É detentor das 13 certificações AWS e instrutor dos treinamentos Associate, Professional e Specialty da AWS.
Sobre os revisores
Peterson Larentis é Arquiteto de Soluções na AWS responsável por criar soluções que ajudem os clientes a executar cargas de trabalho na nuvem e evangelizador de práticas ágeis de desenvolvimento de software.
Marcio Pagliai Honorato, atualmente na posição de Delivery Manager como líder do time de instrutores da área de Treinamento e Certificação da Amazon Web Services no Brasil, atua há 23 anos na área de tecnologia da informação. Com formação de Engenharia Elétrica com ênfase em Eletrônica pela FEI (São Bernardo do Campo/SP), Engenharia de Telecomunicações pela FAAP (São Paulo/SP) e MBA em Gestão de TI pela FASP (São Paulo/SP), já atuou em diversas modalidades da tecnologia desde implementação de datacenters, suporte, sistemas de telecomunicações, dimensionamento de call-centers, sistemas e aplicações de contact-centers em empresas como NEC, Serasa e Avaya, entre outras.