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Como reduzir custos e melhorar performance no Amazon EKS com AWS Graviton: o caso Localiza&CO

Por João Benevides, Analista DevOps na Localiza&CO, Danilo Silveira, Arquiteto de Soluções Sênior da AWS, Bruno Lopes, Sr. Specialist Solutions Architect e Lucas Ribeiro de Faria, Senior Technical Account Manager.

A Localiza&CO é a maior rede de mobilidade na América do Sul, presente em 7 países. A empresa possui mais de 632.000 carros na frota, mais de 1.000 pontos físicos e 22 mil colaboradores. Com aproximadamente 1.700 profissionais no Localiza Labs, sua área de tecnologia, a empresa continua avançando em sua jornada de transformação digital e construindo o futuro da mobilidade sustentável.

O desafio: otimizar custos de infraestrutura sem comprometer performance

Em sua busca contínua por eficiência operacional, a Localiza identificou uma oportunidade significativa de otimização em sua infraestrutura de aplicações containerizadas no Amazon Elastic Kubernetes Service (Amazon EKS). Entre elas estão sistemas de monitoramento (Prometheus e Datadog), ferramentas de deploy contínuo (FluxCD) e outros componentes essenciais para manter a plataforma funcionando de forma eficiente e segura.

Você pode executar aplicações em instâncias com processadores x86 (AMD/Intel) ou ARM (Graviton). A equipe da Localiza identificou que migrar para Graviton oferecia oportunidades de otimização em custos e performance. Baseados em arquitetura ARM64, oferece até 40% de melhoria na relação custo-benefício, sem comprometer o desempenho das aplicações.

No entanto, a migração para uma nova arquitetura de processador não é uma tarefa trivial, especialmente quando se trata de aplicações críticas para a infraestrutura. O principal desafio era garantir compatibilidade de todas as aplicações com a arquitetura ARM64 e executar a migração sem impactar os serviços que atendem milhões de clientes diariamente.

A solução: migração estruturada em fases

A Localiza adotou uma abordagem metodológica com um projeto estruturado em três fases principais.

A primeira fase do projeto consistiu em uma extensa validação de compatibilidade. A equipe realizou um levantamento detalhado de todas as aplicações de infraestrutura, verificou a disponibilidade de imagens Docker compatíveis com ARM64, validou dependências e bibliotecas, e documentou eventuais limitações ou requisitos especiais. A análise mostrou que a grande maioria das ferramentas já oferecia suporte nativo para ARM64. Isso incluía todas as aplicações críticas como Cloudability, Datadog, Prometheus, Falcon Sensor, External Secrets, FluxCD, ArgoCD e componentes de rede como AWS Load Balancer Controller, Ingress Nginx e Istio.

A segunda fase envolveu a implementação em ambiente de testes, onde a equipe validou não apenas a compatibilidade básica das aplicações, mas também seu comportamento em diferentes cenários de carga e falha. Essa etapa foi essencial para identificar nuances específicas que não eram evidentes na análise inicial — como, por exemplo, a variação no tempo de resposta em diferentes percentis, com volume equivalente de requisições no API Gateway. No cenário de carga e teste analisado, a equipe observou um desempenho melhorado de aproximadamente 30% no tempo de resposta após a migração para Graviton.

A terceira fase implementou a nova arquitetura de forma gradual, organizada por alianças de negócios, que iniciou pelos clusters menos críticos. A equipe começou configurando o Karpenter, solução open source que gerencia dinamicamente a capacidade do cluster Kubernetes. A ferramenta cria e remove nodes conforme a demanda dos workloads. Considerando a flexibilidade arquitetural nativa do Karpenter, essa etapa envolveu a criação de templates específicos para provisionar nodes ARM64 por meio da configuração de NodePools e EC2NodeClass, de acordo requisitos de recursos e características de cada workload.

Um aspecto crucial da implementação foi a configuração adequada de labels e tolerations no Kubernetes. Esta configuração garantiu agendamento correto dos pods nos nodes apropriados, o que permitiu a coexistência harmoniosa entre workloads ARM64 e x86 durante a transição. A equipe utilizou o ArgoCD como ferramenta de GitOps para gerenciar estas configurações e garantiu consistência e rastreabilidade em todas as mudanças.

Durante a implementação, um dos principais desafios enfrentados foi com certificados TLS durante o pull de imagens ARM64. A equipe resolveu o problema através de ajustes nas configurações de rede e firewall, um trabalho que exigiu uma colaboração próxima com a equipe de segurança.

Resultados: economia significativa e melhor performance

Os resultados obtidos com a migração para AWS Graviton superaram as expectativas iniciais, tanto em termos de redução de custos quanto em melhorias de performance. No aspecto financeiro, a redução de custos foi substancial em todos os ambientes. As aplicações de infraestrutura em ambiente não-produtivo apresentaram uma redução de custos de 58%, enquanto no ambiente produtivo a redução alcançou 45%.

O API Gateway, implementado utilizando Sensedia, também apresentou resultados positivos, com uma redução de custos de 66% no ambiente não-produtivo e 31% no ambiente produtivo. Essa diferença entre os ambientes é devido aos diferentes padrões de uso e configurações específicas de cada ambiente.

Além da redução de custos, a migração trouxe melhorias significativas no desempenho das aplicações. Testes detalhados realizados com o API Gateway revelaram uma redução de 30% no tempo médio de resposta das requisições. Houve também uma melhoria de 46% observada no tempo de resposta do percentil 95, indicando uma consistência muito maior no desempenho do sistema. E uma redução de 61% no desvio padrão dos tempos de resposta demonstra que a nova arquitetura não apenas é mais rápida, mas também mais previsível em seu comportamento.

Quando projetados até o final de 2025, os benefícios financeiros da iniciativa são substanciais. A economia total estimada é de aproximadamente 44%, um número que considera tanto os ambientes de produção quanto os não-produtivos, bem como todas as aplicações de infraestrutura migradas. Este valor representa não apenas uma redução direta nos custos operacionais, mas também libera recursos que podem ser reinvestidos em iniciativas de inovação e melhoria contínua.

Lições aprendidas e melhores práticas

Um dos principais aprendizados foi a importância da colaboração próxima entre equipes: a migração exigiu coordenação eficiente entre infraestrutura, desenvolvimento e segurança, ressaltando a importância de uma cultura DevSecOps estabelecida.

A utilização de práticas modernas de DevOps e GitOps, particularmente através do ArgoCD, proporcionou o controle e a visibilidade necessários durante todo o processo de migração. A capacidade de rapidamente reverter mudanças quando necessário e manter um histórico detalhado de todas as alterações foi fundamental para garantir a confiança da equipe durante a migração.

E, por fim, a migração faseada permitiu ganhar confiança com a nova arquitetura e refinar processos antes de abordar sistemas críticos.

Conclusão

A migração da Localiza para AWS Graviton demonstra que é possível alcançar reduções significativas de custo e melhorias de performance através da adoção de tecnologias modernas. O sucesso do projeto reflete tanto a maturidade da arquitetura dos chipsets AWS Graviton quanto da capacidade técnica e cultura de inovação da equipe.

Os resultados estabelecem um caso convincente para outras organizações considerarem o uso de processadores ARM em sua infraestrutura Cloud. Com planejamento adequado, abordagem gradual e atenção aos detalhes técnicos, é possível realizar migrações bem-sucedidas mesmo para componentes críticos de infraestrutura.

À medida que a computação em nuvem evolui, a capacidade de aproveitar novas arquiteturas de hardware eficientemente torna-se cada vez mais importante. A jornada da Localiza&CO serve como exemplo inspirador de como organizações podem se manter na vanguarda tecnológica enquanto otimizam custos operacionais.

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Autores

João Benevides é Analista DevOps na Localiza&CO. Atualmente, ele atua na plataformização e desenvolvimento de soluções que potencializam a eficiência dos times de desenvolvimento e facilitam a entrega de produtos digitais. Sua missão é impulsionar a produtividade e confiabilidade das aplicações por meio de soluções modernas e escaláveis.
Danilo Silveira é Arquiteto de Soluções Sênior na AWS, com mais de 20 anos de experiência em TI. Hoje, trabalha com os clientes da AWS apoiando na jornada de adoção da nuvem e transformação com a construção de aplicações modernas seguindo as melhores práticas da AWS.
Bruno Lopes é Sr. Specialist Solutions Architect na AWS LATAM, com mais de 17 anos de experiência em TI. Especialista em Containers e Kubernetes na AWS, ele atua com clientes em toda a América Latina, acelerando a modernização de aplicações e a adoção de ambientes híbridos. Ao longo da carreira, também atuou como Consultor, Technical Trainer e Evangelista, ajudando equipes a superarem desafios técnicos com soluções inovadoras e práticas.
Lucas Ribeiro de Faria é Senior Technical Account Manager da AWS, com mais de 18 anos de experiência em TI. Atualmente trabalha com clientes da AWS ajudando na adoção de cloud, em frentes de otimização de custos e alinhando tecnologia aos objetivos de negócio.