Dock cria plataforma ledger utilizando infraestrutura AWS

Com uma estrutura que atende mais de 150 fintechs no Brasil, viabiliza mais de 160 milhões de contas e processa mais de US$ 50 bilhões em pagamentos na América Latina anualmente, a Dock iniciou este ano um processo mais intenso de expansão internacional. Para acelera-lo e se posicionar de forma diferenciada na região, a companhia iniciou o desenvolvimento de uma plataforma ledger totalmente baseada no Amazon Quantum Ledger Database (Amazon QLDB).

A Dock é atualmente uma das líderes em tecnologia para meios de pagamento e banking as a service na América Latina, viabilizando mais de 160 milhões de contas e processando mais de US$ 50 bilhões em pagamentos anuais na região. O portfólio da empresa reúne emissão de cartões, digital banking e adquirência em uma plataforma única e abrangente, que conta com soluções modulares que potencializam processos essenciais e aceleram a capacidade de empresas criarem serviços de meios de pagamento e banco digital.

O resultado é um leque de produtos inovadores, maior acesso de consumidores a serviços financeiros e uma melhor jornada do cliente. Tudo isso passando por uma plataforma em nuvem que reduz o fardo operacional e regulatório de seus clientes, ao mesmo tempo em que oferece ferramentas fundamentais ao negócio por meio de seu ecossistema de parceiros.

Como parte de sua estratégia de crescimento, em 2022 a Dock iniciou um processo de expansão internacional mais intenso, que envolve tanto o novo posicionamento de times internacionais para processos de prospecção, quanto a aquisição de outras empresas, como a realizada recentemente no México. “Tudo isso sem deixar de lado o atendimento às mais de 150 fintechs no Brasil”, lembra o diretor de engenharia de software da Dock, Gustavo Hubaide.

O executivo lembra que, ao ampliar suas operações na região, a companhia precisa atender novos requisitos regulatórios e de segurança em vários níveis, ao mesmo tempo em que deve manter o nível de atendimento a clientes como o Bradesco, o banco C6 e grandes redes varejistas. “Para potencializar o atendimento aos clientes existentes e nos posicionar de maneira diferenciada na região, decidimos criar um novo arranjo de produtos, agora baseado em uma estrutura ledger”, conta.

Nessa nova estrutura, a Dock tinha como desafio entregar de forma resiliente as funcionalidades de um Ledger para transações bancárias. Para isso, precisava de uma camada de auditoria e validação de dados que atendesse princípios de imutabilidade, transparência e confiabilidade que são inerentes ao Ledgers Blockchain.
 

Para construir essa camada de auditoria e validação, que não seria atendida por um banco de dados relacional tradicional, a Dock optou pelo Amazon Quantum Ledger Database (Amazon QLDB). “Escolhemos o Amazon QLDB para permitir o atendimento a requisitos operacionais, como rastreabilidade, e também questões de segurança e regulatórias. É um building block muito relevante quando você tem que discutir estes requisitos com os clientes. Isso dá um peso e é um passo evolutivo do nosso lado”, explica Hubaide, lembrando que a escolha da AWS se deu por ser a única que oferece um conjunto de soluções com possibilidades para atender problemas específicos. “Temos a orquestração e produtos, cada um deles fazendo o que faz melhor”, ressalta.

O executivo lembra que, como a Dock vem em um movimento de unificação de várias empresas, o Amazon QLDB é fundamental para o registro das movimentações financeiras no ledger, oferecendo segurança e rastreabilidade aos clientes no armazenamento de informações em todos os tipos de conta gerenciados pela companhia.

O head de Engenharia da Dock, Daniel Nunes, explica que modelos tradicionais normalmente utilizam bancos de dados relacionais comuns para o registro de ledger. “O problema é que essa informação é mutável a cada lançamento e isso não fica protegido contra alterações, o que é sério quando se fala em registros contábeis”, diz, lembrando que é preciso dar aos clientes a confiança de que as informações estão em total segurança. “É aí que a tecnologia de blockchain agrega: ela é imutável. O que está registrado não pode ser alterado ou apagado. Precisávamos dar essa característica ao nosso ledger. É isso que temos com o Amazon QLDB”, reforça.

Para a criação desta nova estrutura, a Dock criou o projeto Sesh, que tem como característica entregar de forma resiliente as funcionalidades de um Ledger para transações bancárias. Para isso, o Amazon QLDB é utilizado como uma camada de auditoria e validação dos dados por meio dos princípios de imutabilidade, transparência e confiabilidade que são inerentes de Ledgers Blockchain.

Os serviços transacionais da Dock realizam operações financeiras utilizando o Sesh como livro base das transações. O Amazon QLDB, por sua vez, recebe todas essas operações e registra os dados em suas tabelas que possuem como característica a imutabilidade, garantindo que todo o histórico transacional da empresa seja mantido e passível de verificação de integridade.

Os dados que o Amazon QLDB registra também são enviados por streaming para um banco de dados relacional que irá garantir consultas rápidas sobre o histórico de todas as transações financeiras. Além disso, o Amazon QLDB também permite a realização da verificação de integridade de cada transação bancária. “Na prática, escrevemos em uma base tradicional, replicamos para o Amazon QLDB e, dali, para uma base de auditoria, onde temos todas as informações”, explica Nunes, lembrando que a solução informa se a cadeia de eventos que leva ao saldo da pessoa é válida ou não.

Além do Amazon QLDB, a nova estrutura de ledger da Dock também utiliza serviços AWS como o AWS Lambda, Amazon Relational Database Service (Amazon RDS), Amazon Kinesis, Amazon Elastic Kubernetes Service (Amazon EKS) e Amazon Managed Streaming for Apache Kafka (Amazon MSK), na seguinte arquitetura:
 

Neste formato, o Amazon QLDB é acessado quando é necessário realizar a verificação de integridade dos dados armazenados. Além disso, a Dock também utiliza o recurso de streaming dos dados do Amazon QLDB via Amazon Kinesis como forma de externalizar e auditar os dados persistidos no Amazon QLDB.

Com isso, os dados transacionais são armazenados no Amazon RDS e estão replicados em um plano de contenção de falhas para Disaster Recovery. Já o Amazon QLDB utiliza nativamente infraestrutura Multi-AZ (múltiplas zonas de disponibilidade), o que permite que os dados enviados para o banco sejam replicados em pelo menos três servidores diferentes e garante que o serviço continue a funcionar de forma confiável até mesmo em cenários de falhas em até duas zonas de disponibilidade (AZ). 

A implementação da nova estrutura de ledger e o uso do Amazon QLDB permitem à Dock verificar a autenticidade das transações que realiza. “O foco aqui não é ganharmos performance ou capacidade analítica, mas garantir que as informações estão corretas. E é o que estamos conseguindo alcançar”, afirma Nunes.

A nova estrutura utilizada hoje garante a imutabilidade dos dados e dá à companhia uma forma de verificar a autenticidade e a integridade das transações financeiras, tudo isso com resiliência em nível Multi-AZ. “Além disso, estamos prontos para suportar novos modelos de negócio, o que não era possível em nossa antiga estrutura”, compara.
 

Nunes revela ainda que novo ledger deve ser utilizado como base para várias outras capacidades financeiras. “O ledger é parte de um ecossistema e o arranjo é bastante complexo, envolvendo vários microsserviços. Ele vai sofrer ajustes e será utilizado como um dos pilares da plataforma futura”, diz.

Já Hubaide afirma que a tendência é que todos os clientes da Dock – 160 milhões de contas – migrem para a nova plataforma, além dos novos clientes conquistados no processo de expansão. “Estamos usando a plataforma já em alguns produtos específicos que vão rodar no México e todos os novos clientes já entram na nova plataforma. Em longo prazo, migraremos os produtos existentes”, afirma.