Midway lança banco digital com infraestrutura 100% AWS

Criado em 2008 como braço financeiro do Grupo Guararapes (Lojas Riachuelo), a Midway tornou-se, com 31 milhões de clientes, o maior emissor de cartões “private label” do Brasil e um dos cinco maiores emissores de cartões bandeirados. Em 2018, a instituição iniciou sua jornada para tornar-se um banco digital. Esse processo contou com a infraestrutura da AWS, que hoje hospeda 100% das operações do banco.

A Midway foi criada em 2008 como a empresa financeira do Grupo Guararapes, controlador das Lojas Riachuelo. Na última década, a empresa tornou-se o maior emissor de cartões private label, os chamados cartões de loja, e o quinto maior emissor de cartões bandeirados do Brasil. Com isso, a Midway tem hoje mais de 31 milhões de clientes que possuem cartões Riachuelo e confiam na instituição quando o assunto é crédito.

Durante esse período, a instituição ganhou importância fundamental no processo de transformação digital das Lojas Riachuelo, que começou em 2017, com o lançamento da primeira operação de comércio eletrônico, na época já na infraestrutura AWS. “Foi nossa primeira operação em nuvem pública, algo para o que não tínhamos know-how naquela época”, explica o gerente de sistemas de TI da Midway, Alexandre Borges.

Em 2018, o conselho do grupo decidiu que a Midway, além de suportar as operações de crédito do varejo, deveria alçar voos maiores e se transformar em um banco digital. “Até aquele momento, a Midway era o braço financeiro do grupo, permitindo que os clientes parcelassem suas compras no varejo, mas com sua marca pouco conhecida do mercado, muito vinculada à Riachuelo”, diz, lembrando que quando o projeto nasceu, ele já foi desenhado para ser operado 100% a partir de uma nuvem pública.

Por conta do sucesso obtido com a implantação da operação de comércio eletrônico do grupo, a escolha natural para a hospedagem da infraestrutura foi a nuvem da AWS. “Nós já havíamos passado por alguns natais e black Fridays e a resiliência e elasticidade da AWS tinham se mostrado bastante competitivas. Foi um processo natural utilizar os mesmos serviços”, ressalta.

Para compor o que chamam de conta Midway, a área de TI do agora banco digital utilizou uma série de serviços AWS, como o Amazon Elastic Kubernetes Service (Amazon EKS) e o Amazon Elastic Compute Cloud (Amazon EC2). “Utilizamos o Amazon EC2 porque temos algumas plataformas de mercado que sustentam o core da conta corrente, mas em um modelo de arquitetura super resiliente”, explica Borges.

A estrutura conta ainda com serviços como o Amazon Cognito, o Amazon Managed Streaming for Apache Kafka (Amazon MSK) e o Amazon Simple Storage Service (Amazon S3). “Utilizamos muito o Amazon EKS porque temos uma estrutura grande de microsserviços. Ele é fundamental porque nossa arquitetura é bastante distribuída e baseada em microsserviços”, afirma.

O executivo lembra que, como banco digital, a expectativa é que a Midway conquiste milhões de clientes nos próximos meses, o que vai exigir uma alta escalabilidade da arquitetura desenhada. “O conceito de elasticidade do Amazon EKS e os grupos do Amazon EC2 que criamos foram pensados para crescer sob demanda e diminuir quando a demanda baixar, inclusive quando a gente pensa em custo. Para isso temos usado muito o Amazon API Gateway também”, revela.

A alta disponibilidade oferecida pela AWS foi fundamental também para que a o banco obtivesse a liberação do Banco Central para funcionar. Hoje, todas as aplicações do banco estão em São Paulo e em, no mínimo, duas outras zonas de disponibilidade, garantindo a resiliência e a alta disponibilidade exigidas em operações deste tipo. Com isso, o Midway entra em operação utilizando a seguinte arquitetura:

Borges ressalta que o projeto foi essencialmente construído dentro da Midway, com algumas plataformas adquiridas de terceiros. O core bancário – Topaz - é de um fornecedor do Uruguai. “Eles fornecem o software, mas a arquitetura de cloud é nossa. Nós desenvolvemos como implementar esses sistemas na nuvem”, diz.

Passados dois anos do projeto, o banco entrou em operação depois de realizar um piloto em que a conta corrente foi liberada inicialmente para cerca de mil funcionários e, posteriormente, para todos os 40 mil colaboradores do grupo.

“Estamos muito seguros para ir para o mercado aberto, já realizamos diversos testes de stress e tudo funcionou bem”, comemora. De acordo com Borges, a Midway tem hoje uma estrutura típica de banco, só que totalmente acomodada na estrutura AWS. “A principal vantagem é ter um ecossistema resiliente e tolerante a falhas. Nossa estrutura estar em duas zonas de disponibilidade também nos dá a tranquilidade de que só uma catástrofe vai impedir nossos clientes de fazer suas transações”, afirma.

Borges lembra que desde o final de dezembro do ano passado a operação vem ampliando o número de usuários, sem que nenhum clientes ficasse offline em algum momento. “Além disso, nesse período, não tivemos nenhum incidente de indisponibilidade da AWS. Como nosso ecossistema está todo na nuvem, o cliente na ponta não sofre. Isso traz uma certeza de alta disponibilidade. Estaremos disponíveis 24x7 e nossos clientes podem contar com isso”, ressalta, lembrando que elasticidade, usando de forma justa exatamente o que a demanda exige; e disponibilidade, com a garantia de operações 24x7 para os clientes, são os dois grandes pilares do projeto.

“A parceria com a AWS foi essencial para o sucesso do projeto. Foram muito parceiros desde o início do projeto, quando precisamos pensar em soluções, e nos ajudaram nas definições com provas de conceito. Eles jogaram muito junto com a gente”, diz.

Já operando no mercado, o banco prepara seus próximos passos. Borges revela que um marketplace financeiro já vinha sendo desenvolvido em paralelo, com o objetivo de transformar a Midway em um hub financeiro que vai trabalhar de forma integrada com startups, fintechs e o setor de varejo. Ainda este ano deve ser lançado o PIX da Midway, também 100% ancorado na AWS e, para 2022, as contas para pessoas jurídicas.