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O poder dos Micro-Frontends: Uma abordagem moderna para a Arquitetura Frontend

Por Kevin Lira, Arquiteto de Soluções Sênior na AWS – Enterprise FSI

 

Introdução aos Micro-Frontends – Capítulo 1

No cenário em constante evolução do desenvolvimento web, novas abordagens e padrões arquiteturais continuam surgindo, cada um oferecendo vantagens únicas e solucionando desafios específicos. Um paradigma que tem recebido considerável atenção é o de Micro-Frontends. Neste artigo, mergulharemos no mundo dos Micro-Frontends, explorando seus conceitos, benefícios, casos de uso do mundo real, desafios e a necessidade de uma arquitetura de microservices no frontend. Ao final, você terá uma compreensão clara dos princípios e vantagens que tornam os Micro-Frontends uma mudança de jogo no desenvolvimento de aplicações modernas.

O que são Micro-Frontends?

Micro-Frontends é uma abordagem arquitetural que se concentra em decompor um aplicativo frontend em partes menores e mais gerenciáveis. Ela se inspira no conceito de microservices no desenvolvimento backend e o aplica ao frontend.

Tradicionalmente, o desenvolvimento frontend envolvia a construção de aplicativos monolíticos, nos quais toda a interface do usuário estava fortemente acoplada e desenvolvida como um único código-base. Essa abordagem frequentemente resultava em desafios de escalabilidade, manutenção e colaboração, especialmente em projetos grandes e complexos.

Os Micro-Frontends visam solucionar esses desafios, promovendo a decomposição de um aplicativo frontend em componentes menores, independentes e com baixo acoplamento. Cada Micro-frontend representa uma unidade autocontida responsável por uma parte específica da interface do usuário ou área funcional. Esses componentes podem ser desenvolvidos, implantados e mantidos independentemente por equipes ou indivíduos separados.

Arquiteturas Monolíticas versus Micro-Frontends

Em uma arquitetura monolítica de frontend, todo o aplicativo é desenvolvido como uma unidade única e fortemente acoplada. Todos os componentes, recursos e funcionalidades estão intimamente integrados e interdependentes dentro de um único código-base. Isso traz alguns desafios, especialmente na operação. Vamos considerar o código-base, por exemplo:
Em uma arquitetura monolítica, o código-base do frontend consiste em um único repositório de código unificado que abrange todos os componentes do aplicativo. Qualquer alteração ou atualização no aplicativo requer a implantação de todo o código-base. Isso pode resultar em ciclos de implantação mais longos, pois qualquer modificação pode afetar todo o aplicativo. O que também traz desafios nos testes. Testar um frontend monolítico pode ser complexo devido ao acoplamento rígido entre diferentes componentes. Testes abrangentes de ponta a ponta frequentemente são necessários para garantir o funcionamento correto do aplicativo como um todo. Isso pode resultar em ciclos de teste mais longos e maior esforço, onde a colaboração e coordenação são cruciais para garantir um desenvolvimento tranquilo e evitar conflitos. As alterações feitas por uma equipe podem ter consequências não intencionais em outras partes do aplicativo, exigindo testes e esforços, assim, necessitando uma comunicação e alinhamento entre todas as outras equipes envolvidas. Isso, novamente, pode ser outro desafio dado a rotina diária e a priorização de cada equipe.

Fig.1 – Arquétipo de Frontend Monolítica

Por outro lado, temos as Arquiteturas de Micro-Frontends, como falamos anteriormente, os Micro-Frontends visam solucionar esses desafios, promovendo a decomposição de um aplicativo frontend em componentes menores, independentes e com baixo acoplamento. Dessa maneira, ao contrário da arquitetura monolítica, podemos dar autonomia aos times de desenvolvimento, seja na alteração ou construção de uma nova funcionalidade ou até mesmo na execução de testes de unidade.

Fig. 2 – Arquétipo de Micro-Frontend

Isso significa que essa deve ser a escolha padrão para cada projeto em que trabalhamos? Claro que não! Cada padrão arquitetural deve depender do cenário, necessidade e momento em que está para ser a escolha certa. Trabalhar com Micro-Frontends traz mais complexidade e requer maior governança em todo o SDLC (Ciclo de Vida do Desenvolvimento de Software).

Casos de uso do mundo real e exemplos de Micro-Frontends

Agora que sabemos um pouco sobre esses padrões e suas complicações, onde posso usá-los? Existem exemplos comuns do mundo real em que posso ver isso me ajudando?

Claro, vamos falar sobre Aplicações de Grande Escala. Empresas com aplicativos massivos, onde várias equipes trabalham simultaneamente, podem se beneficiar dos Micro-Frontends. Cada equipe pode se concentrar em um recurso ou módulo específico de forma independente, resultando em maior produtividade e facilitando a manutenção do código. Por exemplo, um aplicativo bancário pode ter Micro-Frontends separados para gerenciamento de contas, pagamentos e suporte ao cliente, permitindo que as equipes trabalhem de forma autônoma em suas respectivas áreas. Ou que tal um e-commerce? Cada funcionalidade, como catálogo de produtos, carrinho de compras, processamento de pagamentos e avaliações de usuários, pode ser tratada como um Micro-frontend separado. Essa abordagem modular permite que as equipes trabalhem de forma independente, iterem rapidamente e dimensionem componentes específicos conforme necessário. Isso também é útil quando estamos migrando de um sistema legado. Os Micro-Frontends fornecem um caminho de migração gradual ao lidar com sistemas legados. Em vez de tentar uma reformulação completa, as equipes podem criar novos Micro-Frontends ao lado do código monolítico existente. Essa abordagem permite uma modernização incremental, melhorando funcionalidades específicas enquanto minimiza a interrupção da experiência do usuário.

Desafios e considerações ao adotar Micro-Frontends

Como você pode imaginar, dividir o frontend em pequenas partes pode ser mais gerenciável, no entanto, precisamos enfrentar um equilíbrio entre várias decisões. Essas decisões devem ser levadas em consideração antes de escolher qualquer decisão técnica. Para citar algumas delas: Vale a pena aumentar a complexidade? Devido ao desacoplamento, coordenar a comunicação, gerenciar dependências e garantir uma experiência do usuário consistente pode ser desafiador. Ao investir tempo em um planejamento, design e comunicação adequados, é possível mitigar essa complexidade e promover uma colaboração eficaz entre as equipes.

Como posso manter minha experiência do usuário consistente? Manter uma experiência do usuário unificada em diferentes Micro-Frontends pode ser um desafio. Coordenar componentes de (interface do usuário) IU, estilos e padrões de navegação é essencial para criar uma jornada do usuário sem interrupções. Estabelecer sistemas de design e diretrizes de IU ajuda a garantir consistência e aprimora a experiência geral do usuário.

Minha equipe está preparada para a sobrecarga adicional em favor do desempenho? Os Micro-Frontends introduzem uma sobrecarga adicional devido aos requisitos de comunicação e coordenação. Implementar estratégias eficazes de balanceamento de carga e otimização de desempenho é crucial para manter a utilização eficiente de recursos e oferecer uma experiência do usuário sem interrupções. Para isso, você pode querer realizar monitoramentos regulares de desempenho e otimização em seu ambiente.

Agora, a parte boa, as vantagens:

Por serem granulares por design, escalabilidade e flexibilidade lideram a lista de vantagens, seguidas por modularidade e reutilização. Essas pequenas partes do frontend podem ser desenvolvidas, implantadas e dimensionadas individualmente, e cada parte representará um componente discreto único. Isso se traduz em desenvolvimento mais rápido e testes atômicos na perspectiva do código, e para a equipe, isso é sinônimo de autonomia e independência. Dando a esses módulos Isolamento de Falhas e Resiliência, já que um componente não impacta o aplicativo inteiro, nem a experiência geral do usuário.

O que está por vir?

Nos próximos posts da série, aprofundaremos o paradigma de Micro-Frontend (MFE) além de explorarmos mais conceitos e como implementar isso na AWS. Vamos explorar SSR – Renderização do Lado do Servidor, CSR – Renderização do Lado do Cliente e aspectos da Federação de Módulos, como implementar isso na AWS e muito mais!

 


Sobre o autor

Kevin Lira é um arquiteto de soluções sênior na AWS, trabalhando na indústria de FSI. Sua experiência profissional anterior inclui desenvolvimento de software, liderança técnica e arquitetura em outras indústrias. Bacharel em Sistemas de Informação e Especialista em Computação Flexível e Tecnologias Microsoft.

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